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terça-feira, 3 de junho de 2014

Vagalume, Brilhando para se Comunicar

Fêmea de vagalume se posicionando para acasalar

Crédito da Foto: Nuytsia@Tas / Foter / Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela mesma licença 2.0 Generic (CC BY-NC-SA 2.0)

Por Rubens Bacelar

Quando criança, eu ficava encantado com aqueles insetos que tinham um pequeno "lampião" no abdome, que acendia e apagava em intervalos regulares,  um autêntico  pisca-pisca alado, que vagava  na escuridão da noite campestre, pontilhando-a com  flashes de luz  semelhantes a pequenas estrelas cintilantes.

Eu os apanhava,  cuidadosamente, colocava-os na palma da mão e ficava observando, virava-os, com o abdome para cima e olhava fascinado, hipnotizado, para aquela luzinha, sem compreender nada  e, então,  Intrigado,  eu me perguntava, como isso podia acontecer? como esses  besourinhos  conseguiam gerar luz no próprio corpo? como eram capazes de controlá-la, acendendo e apagando, como se tivessem um interruptor interno.

Era algo impressionante e misterioso,  para mim, pois naquela época, eu não sabia nem como eles  eram capazes de emitir luz,  nem o porquê dessas emissões, tampouco como as controlavam. Assim, eu os soltava e, atentamente,  seguia  seu voo, com o olhar, até sumirem  de vista, na escuridão.

Vagalume, Comunicação Luminosa 

Luz do vagalume, vital para a reprodução

 Imagem: Insect Images
Jessica Louque, Smithers Viscient, Bug wood.org
Node Affiliation: University of Georgia


Este dom de emitir luz, do vagalume, chama-se bioluminescência que é a extraordinária capacidade natural que alguns seres vivos tem de gerar e emitir luz, por meio de reações bioquímicas em células especializadas de seus corpos.


Fêmea piscando, "diálogo" em flashes de luz para acasalar

Crédito da foto: cquintin / Foter / Creative Commons Atribuição
-Uso Não-Comercial 2.0 Genérica (CC BY-NC 2.0)

Tanto para o vagalume, que é um tipo de besourinho pertencente à família Lampyridae, com luz no abdome, como para o pirilampo, outro besourinho, distinto, de outra família a Elaperidae, com dois pontinhos de luz próximos à cabeça, a luminescência tem uma importância vital para eles.

Ela é utilizada num tipo de comunicação especial, entre macho e fêmea, para o acasalamento. A fêmea, não voa, (é desprovida de asas) se posiciona numa folha ou na grama e pisca para o macho que está acima dela, voando, ele, por sua vez, reconhece o sinal e pousa, para acasalar.

Uma Criaturinha que Entusiasma os Cientistas

Focados no vagalume, os cientistas estão melhorando a iluminação nas luzes LEDs, tornando-as mais eficientes e econômicas. Na medicina, os elementos que produzem luz no vagalume (luciferina e luciferase) são utilizados, também,  para testar medicamentos.

Existem até projetos, em execução, pela bioengenharia e biologia sintética, para o desenvolvimento de árvores bioluminescentes, visando substituir, num futuro próximo, os atuais postes de iluminação pública, Deve ser encantador caminhar por um bosque luminoso, em plena noite, como nos contos de fadas

Outros Animais Bioluminescentes

Há,  além do vagalume, outros bichos bioluminescentes, como minhocas, caracóis, peixes, moscas  e muitos outros, além de cogumelos. Conheça alguns deles.

A Lula que Brilha no Fundo do Mar

Lula Abraliopsis
Imagem: flickr

Esta bela lula luminescente  que habita as escuras águas do mar profundo, usa a sua bioluminescência como defesa contra predadores.

Cogumelos Luminosos na Escuridão da Floresta


Luminosos e elegantes, eles abrilhantam e embelezam a
solitária paisagem noturna, aparentemente vazia.
Imagem: flickr

Graciosos cogumelos luminescentes brilhando na escuridão da noite,  em plena floresta, como se fossem os únicos seres do lugar. É de fato, uma visão belíssima.

Melanoceto Johnsonii, Luz para se Alimentar



Assim como o vagalume que usa sua bioluminescência, para proliferar, este habilidoso peixinho de nome científico Melanoceto Johnsonii e também conhecido como Peixe-pescador, (nome bem apropriado) a utiliza  para se alimentar e sobreviver nas profundas águas oceânicas.

Apesar de ter uma carinha de "mal-encarado", cabeça enorme, uma bocarra com dentes afiadíssimos e  parecer bem assustador, é, na verdade,  um nanico de pouco mais de 15 cm, sendo os machos ainda menores com cerca de 3 cm.

Este pequeno herói, vive a três quilômetros de profundidade, suportando uma imensa pressão equivalente a 300 vezes a da superfície, numa escuridão avassaladora, um verdadeiro breu, além de um frio enregelante.

Ele tem uma prolongação  na frente de sua cabeça, parecida com  uma varetinha flexível, autêntica “varinha de pescar” e na ponta existe uma protuberância luminescente, uma espécie de “isca luminosa", igual a luz do vagalume, ele faz uso dela, engenhosamente,  para atrair, distrair e devorar peixinhos incautos como o da figura que está perigosamente próximo  da enorme boca desta "ferazinha".

Até mais...




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